Análises da Polícia Científica de São Paulo confirmaram que garrafas de bebidas destiladas apreendidas em operações recentes foram adulteradas com metanol, inserido de forma intencional e em níveis acima dos permitidos por lei. O estado já confirmou 18 casos de intoxicação pela substância. Dez mortes estão em apuração, com três já confirmadas.
Os laudos, referentes a dois grupos de amostras, confirmam que a presença do composto não é resultado da destilação natural. A investigação faz parte de uma força-tarefa criada na última sexta-feira (3/10) para apurar a origem da contaminação. Segundo o Instituto de Criminalística, os resultados foram encaminhados à Polícia Civil para subsidiar o inquérito.
As autoridades não divulgaram o número de garrafas analisadas, os tipos de bebida nem os locais onde foram apreendidas. O sigilo, segundo a Polícia Científica, visa proteger o andamento das apurações. Desde 29 de setembro, 16 mil unidades foram recolhidas em diferentes regiões do estado.
A checagem envolve a verificação de embalagens, rótulos, lacres e a separação dos componentes líquidos em equipamentos especializados. Apenas o laudo técnico confirma a presença e a concentração de metanol em cada amostra.
Crime organizado
Na esfera federal, o Ministério da Justiça investiga possível conexão entre a substância e operações contra o crime organizado no setor de combustíveis. O ministro Ricardo Lewandowski afirmou que tanques de metanol abandonados após essas ações são uma das hipóteses em análise.
Em São Paulo, a principal linha de investigação considera o uso de etanol contaminado por metanol em produções clandestinas. Segundo o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, não há, porém, até o momento, indícios de envolvimento direto de facções criminosas.
O Ministério da Saúde deve divulgar novo boletim nacional nesta quarta-feira (8).
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro
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