Com o registro de 43 casos suspeitos de intoxicação por metanol, o Ministério da Saúde intensifica monitoramento. A maioria dos casos está em São Paulo, com 39 registros, sendo dez confirmados e 29 sob investigação. Em Pernambuco, há quatro casos sob análise.
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No Distrito Federal, o cantor Hungria deu entrada no hospital DF Star, na manhã desta quinta-feira (2/10), com quadro de cefaleia, náuseas, vômitos, turvação visual e acidose metabólica. “Foi iniciado tratamento especializado e, no momento, o paciente está em investigação da etiologia do quadro” diz o boletim médico enviado ao Correio pela assessoria de imprensa do hospital.
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Hungria é internado no DF Star com suspeita de contaminação por metanol
(foto: assessoria DFSTAR)
Por meio de nota enviada ao jornal, a assessoria do artista suspeita que o artista ingeriu bebidas adulteradas “em situação que remete aos casos recentemente noticiados em São Paulo”. “Ele está sendo acompanhado pelo Dr. Leandro Machado, no Hospital DF Star, em Brasília. Por orientação médica e com o objetivo de preservar sua saúde, os shows previstos para este final de semana serão remarcados”.
O cantor Hungria foi internado no DF após suspeita de ter ingerido bebida adulterada
(foto: Reprodução/instagram/@hungria_oficial)
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O que fazer em caso de intoxicação por metanol
Em nota, o Ministério explica que o metanol é um álcool usado em solventes e outros produtos químicos, sendo extremamente perigoso quando ingerido. Ele pode atacar o fígado, cérebro e o nervo óptico, levando a cegueira, coma e em casos extremos a morte. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destaca que o reforço de monitoramento é para chamar a atenção dos profissionais de saúde. “É muito importante aumentar o número de notificações de casos suspeitos. Nós já temos um guia para orientar os profissionais: como tratar e como diagnosticar. Além disso, também temos no Brasil o antídoto recomendado, o etanol farmacêutico”, explica.
O biomédico Pedro Veloso, coordenador do curso de Biomedicina no Centro Universitário Estácio de Brasília, explica que os sinais podem aparecer tardiamente, entre 8 e 36 horas após a ingestão da bebida adulterada por metanol, e pioram rápido. Sua recomendação é que ligue para o SAMU (192) ou leve a pessoa imediatamente ao pronto-socorro. “Avise que a suspeita é metanol e relate o horário e a quantidade ingerida. Se possível, leve o rótulo ou a garrafa”. O especialista acrescenta, ainda, que na Anvisa tem o Disque-intoxicação (0800-722-6001) para tirar dúvidas e fazer denúncias.
Até que a pessoa seja socorrida, Veloso recomenda que se mantenha a pessoa em local arejado, acordada e em segurança. “Garanta via aérea livre e se houver sonolência, coloque em posição lateral de segurança para reduzir risco de aspiração”. O biomédico também orienta sobre o que não fazer “Não provoque vômito. Não ofereça outras bebidas alcoólicas, leite, água com vinagre ou qualquer ‘remédio caseiro’, explica.
A coordenadora e docente do curso de Farmácia da Estácio Brasília, Jessica Nayane, explica que o passo fundamental é reconhecer rapidamente os sinais de intoxicação e se houve mesmo a ingestão de metanol. “Esses sinais vão incluir dor de cabeça — geralmente intensa —, tontura, náuseas, vômitos, dor abdominal e alterações visuais. Em casos mais graves, também podem ocorrer pupilas dilatadas e até mesmo dificuldade respiratória”.
A especialista explica que, uma vez identificados esses sintomas, os primeiros procedimentos são manter a via aérea do paciente protegida, monitorar os sinais vitais, administrar oxigênio suplementar, se necessário, e garantir o acesso venoso. “É essencial encaminhar esse paciente rapidamente para uma avaliação médica especializada. Como no caso do metanol, é preciso fazer a correção da acidose metabólica.” Jessica recomenda que o ideal é “ninguém ingerir nenhuma bebida por enquanto”.