Marceuzinho não nasceu como eu em Frei Paulo, no agreste sergipano, e sim em Morro Agudo, em Nova Iguaçu. Mas eu o adotei como um irmão carioca, com quem desde meados dos anos 1980 do século passado, ainda no antigo “Jornal do Brasil”, tive a sorte de desfrutar de sua imensa generosidade como amigo e também como um estupendo colega de trabalho.
Em 2000, quando cheguei ao Globo, Marceu foi o primeiro jornalista que eu convidei para me ajudar na coluna. Fizemos juntos mais de 70 mil notinhas num período de cerca de uma década, até que ele teve que sair para assumir a Editoria de Esporte do GLOBO.
Foi Marceu quem ajudou a coluna a celebrar o Rio – mesmo com todas suas mazelas. Foi ele quem chamou a atenção dos leitores para o renascimento cultural da Lapa, abordando a efervescência musical de lugares como o Carioca da Gema e o Rio Scenarium, entre outros.
Na época, o carnaval de rua estava também renascendo. E também nesse caso, a coluna, graças mais uma vez principalmente a Marceu, registrava o surgimento de dezenas e dezenas de novos blocos. Aliás, no caso da criação do bloco Imprensa que Eu Gamo, formado por coleguinhas, Marceu foi um dos autores de alguns dos seus sambas. Ele brincava que era da velha guarda do Simpatia É Quase Amor.
Por causa do Marceu, o Bip Bip, o botequim miudinho de Copacabana, reduto de algumas das melhores rodas de samba e choro da cidade, passou a aparecer mais na coluna do que muitos “salões elegantes” da cidade.
Com sua morte eu perco um querido amigo e o jornalismo perde um dos melhores profissionais de sua geração. Mas quem nos deixa é acima de tudo um ser humano adorável dotado de sentimento e generosidade que tanta falta faz nestes tempos azedos.

