Semifinalista do US Open juvenil deste ano, o goiano Guto Miguel, 16, deixou sua cidade natal, Goiânia (GO), aos 14 anos para profissionalizar o seu treinamento. Durante oito meses, morou em casas de família em Brasília (DF), até que seus pais se mudaram definitivamente para a capital do Brasil.
A aposta já rendeu frutos. Em 2025, dois anos depois da mudança, Guto ficou entre os quatro melhores em um Grand Slam juvenil, atingindo a 13ª posição no ranking de juniores. Ele é o único nascido em 2009 no top 40 da lista mantida pela ITF (Federação Internacional de Tênis).
Guto foi a Brasília para treinar com Kike Granjeiro e Santos Dumont no Iate Clube. “Em Goiânia, não era muito profissional o treinamento, sabe? Era mais amador, ia para jogar os torneios”, disse.
Em um desses campeonatos, Granjeiro abordou o pai de Guto e fez o convite para que o jovem treinasse com ele e Dumont em Brasília. A ideia no início era passar duas semanas por mês no Distrito Federal e duas em Goiânia, mas o adolescente acabou permanecendo em Brasília em tempo integral.
Com a nova cidade, veio a mudança no ritmo de treinos. São cerca de três horas pela manhã e outras tantas à tarde. Isso inclui a parte técnica e os exercícios de força e mobilidade.
A exceção são as manhãs de segunda-feira, reservada para os estudos em uma escola americana online. Nos outros dias, Guto precisa encontrar entre duas e três horas para estudar.
O resultado no US Open já possibilita sonhos maiores. Estar no top 20 do ranking de juniores permite a entrada direta em torneios profissionais. A ideia a partir de agora é mesclar esses torneios com as maiores competições de juniores.
A meta é furar o top 1000 do ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). Hoje, Guto é o número 1.715, com dois pontos em competições profissionais, conquistados em julho. São necessários 15 para atingir o objetivo.
Nesse estágio, poucos pontos permitem grandes saltos. Um exemplo é Nauhany Silva, outra promessa brasileira, que subiu mais de 400 posições no ranking da WTA (a associação das tenistas profissionais) ao vencer a primeira rodada no São Paulo Open, na semana passada.
O mesmo pode acontecer com Guto no Rio Open, que será disputado em fevereiro de 2026. Há a possibilidade de ele conseguir um convite para participar do evento, como recebeu Nauhany, a Naná, em São Paulo.
O talento de Guto o colocou no radar de quem acompanha o tênis há algum tempo. Ele já treinou com grandes nomes do esporte, como o dinamarquês Holger Rune, 11º do ranking. Ele também participou de uma semana de atividades no centro de treinamento de Rafael Nadal, na Espanha.
No Brasil, teve uma semana de treinos com um de seus exemplos na carreira, o atual 42º do ranking, João Fonseca. Em comum os dois têm a direita potente e o fato de terem surgido para o grande público no US Open juvenil. Fonseca venceu o torneio em 2023.
“O João é um cara muito muito gente boa, é trabalhador. Ele me deu vários conselhos nessa semana que a gente passou junto, e o que ele vem fazendo é muito bom para gente também, né? É só seguir e tentar fazer o mesmo que ele está fazendo”, disse.
João Fonseca desistiu de fazer faculdade nos Estados Unidos para se tornar um jogador profissional em fevereiro do ano passado, após ter chegado às quartas de final do Rio Open em 2024.
Tudo indica que Guto não terá esse problema. “O plano A e o plano B são virar profissional”, resumiu. Depois disso, o objetivo é simples: “Ser o melhor do mundo”.
