Mercúrio, uma grave ameaça à saúde e à economia do Brasil

por Leandro Ramos


Elemento químico largamente empregado na indústria da mineração, o mercúrio se torna ainda mais perigoso quando está a serviço do crime organizado. Segundo estudo De onde vem tanto mercúrio, elaborado pelo Instituto Escolhas, cerca de 185 toneladas dessa substância foram utilizadas na produção de ouro, entre 2018 e 2022. Legalmente, foram 68,7 toneladas, no mesmo período.

O Brasil é um dos signatários da Convenção de Minamata, tratado internacional celebrado em Genebra, na Suíça, criado para controlar ou abolir o uso de mercúrio em escala global. Apesar do compromisso internacional, o metal ainda envenena os rios e até o organismo dos brasileiros.

Extremamente tóxico, o metal é queimado a céu aberto e despejado em rios, ações que acarretam impactos negativos ao meio ambiente e aos indivíduos que vivem nele. O debate sobre o tema ainda se torna mais importante em ano de COP30, que será realizada em Belém, no Pará.

Segundo a diretora de pesquisa do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues, os dados do estudo mostram a ausência de um controle mais efetivo dessa substância altamente nociva ao meio ambiente. “É extremamente necessário que encontremos uma forma para deixar de usá-lo e isso passa por controles governamentais e a adoção de novas práticas no setor privado”, afirma.

Vale ressaltar que o Brasil não produz mercúrio. Todo o metal utilizado em território nacional é importado de outros países. Entre 2018 e 2022, o Brasil ocupou o décimo segundo lugar no ranking de maiores importadores de mercúrio. Estão excluídas dessa conta as toneladas importadas legalmente, ou seja, que foram registradas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Danos econômicos  

Os danos do emprego do mercúrio na produção de minérios também são econômicos. Na avaliação de Rodrigues, esses impactos podem ser contabilizados na agressão ao meio ambiente e no tratamento aos contaminados com o metal tóxico. “É um dano econômico grande, mas que não temos uma estimativa”, afirma a especialista. 

Larissa Rodrigues comenta que há alternativas para evitar o uso da substância usada na mineração. “Existem operações de extração de ouro que não usam mercúrio. Apesar de serem a minoria, elas existem. Precisamos encontrar um meio de fazer com que elas se tornem a regra e não a exceção. Precisamos discutir os incentivos necessários para mudar a realidade que temos hoje”, enfatiza.

No dia 7 de outubro, o Correio promoverá, em parceria com o Instituto Escolhas, o evento Controles sobre o uso de mercúrio e o futuro da extração de ouro no Brasil. O intuito é debater o uso do mercúrio na extração do ouro no Brasil e discutir possíveis soluções com o governo, o setor privado e a sociedade.

Mais informações sobre o evento no link https://eventos.correiobraziliense.com.br/controledomercurio

* Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza

  


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