Banco Central deve repetir decisão de julho e manter Selic em 15% esta semana

por Leandro Ramos


O Banco Central deve manter a taxa Selic em 15% ao ano no Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana, o maior nível em 19 anos. Se confirmada a decisão, o colegiado vai repetir a escolha feita no último encontro, em julho.

A estabilidade dos juros básicos é amplamente esperada pelo mercado financeiro, especialmente devido à comunicação do Copom em julho. Na ocasião, o comitê indicou uma “continuação na interrupção no ciclo de alta de juros”.

Depois de um ciclo “rápido e firme” de elevação da Selic, que totalizou 4,5 pontos percentuais em nove meses, o BC tem adotado uma postura cautelosa diante de um ambiente de elevada incerteza, tanto interna quanto no mundo. Segundo o colegiado, a fase atual é de tentar entender se o atual nível de juros, se mantido por período “bastante prolongado” é suficiente para colocar a inflação na meta.

“Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, disse, em julho, completando que não “hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.

Toda cautela é explicada porque as expectativas de inflação estão longe da meta de 3,0% em uma conjuntura de desaceleração da atividade bastante gradual, com o mercado de trabalho ainda forte. No último Copom, a projeção do BC para o IPCA — índice oficial de inflação — no horizonte relevante, prazo que mira para colocar a inflação na meta, era de 3,4%.

Os dados mais recentes de inflação, como o IPCA de agosto (-0,11%), ainda mostraram que os preços de serviços continuam pressionados. Já as expectativas de inflação recuaram em todos os horizontes desde o último Copom, mas distantes da meta de 3,0%.

Além disso, a baixa visibilidade do cenário externo diante da ofensiva comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recomenda também cuidado por parte da autoridade monetária A perspectiva de início de corte de juros pelo banco central americano, por sua vez, tende a ser favorável para o cenário brasileiro.

Além da desaceleração gradual da atividade e da reancoragem lenta de expectativas, a Warren Investimentos cita que a manutenção da Selic em 15% se justifica pela acomodação dos dados de crédito e da valorização do câmbio brasileiro.

Por outro lado, os ganhos reais de rendimento no mercado de trabalho seguem dando suporte à renda, contribuindo para uma evolução marginalmente desfavorável dos preços, especialmente em itens sensíveis à demanda.

O economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano, espera poucas mudanças na comunicação do Copom. A principal mudança que o economista aguarda é a retirada do trecho que indica uma “continuação da interrupção do ciclo de alta”, mas mantendo o tom duro do BC contra a inflação.

— A sinalização de manutenção da Selic por período bastante prolongado deve continuar, assim como a garantia de que não “hesitará” em retomar o ciclo caso seja necessário. Mas o BC deve simplificar. A Selic já está parada desde junho. A chance de ter que retomar é mais baixa.

Na avaliação de Serrano, a conjuntura doméstica tem evoluído de acordo com a expectativa da autoridade monetária. O BC deve continuar avaliando o cenário externo como incerto, embora deva reconhecer uma expectativa de corte de juros mais intenso nos Estados Unidos. O economista prevê que o corte dos juros só deve começar em janeiro de 2026.

Já o C6 Bank espera que o Copom faça reduza o tom duro e ajuste a comunicação sobre a manutenção da Selic, de período bastante prolongado para apenas prolongado.

“O Copom deve manter os juros estáveis em 15% até o fim de 2025. No entanto, considerando o recente alívio nas expectativas de inflação e a possibilidade de cortes de juros no exterior, acreditamos que pode haver espaço para flexibilização dos juros no primeiro trimestre do ano que vem. Nossa expectativa é de que o ciclo de cortes da Selic comece em março, com a taxa de juros terminando 2026 em 13%”, diz a instituição em relatório.



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