pacientes esperam até 2 anos por transplante de córnea, acima da média nacional

por Leandro Ramos


Pacientes em MS aguardam até 730 dias na fila de transplante de córnea
Transplante de córnea realizado pelo Hospital Adventista Pênfigo (Foto: Divulgação/ HAP)

Mato Grosso do Sul, assim como grande parte do País, tende a manter o crescimento da fila de espera por uma cirurgia de transplante de córnea.

Em Mato Grosso do Sul, pacientes aguardam entre 365 e 730 dias por um transplante de córnea, período superior à média nacional de 374 dias. Atualmente, 383 pessoas estão na fila de espera no estado, onde os procedimentos são realizados na Santa Casa, Hospital São Julião e clínicas credenciadas no interior. O cenário nacional também é preocupante, com 31.240 pessoas aguardando o procedimento. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, a pandemia de COVID-19 e a falta de reajuste nos valores dos procedimentos contribuíram para o aumento do tempo de espera, que dobrou nos últimos dez anos.

De acordo com informações da SES (Secretaria de Estado de Saúde), o tempo médio que um paciente do Estado espera por um transplante de córnea varia de 365 a 730 dias, a depender da quantidade de doações realizadas.

“Quanto maior o número de doadores, menor tende a ser o período de espera dos pacientes”, pontuou a SES em nota.

Atualmente, 383 pacientes estão na fila de espera por um transplante em Mato Grosso do Sul.

Os dados evidenciam que o Estado está acima da média nacional na demora pela realização da cirurgia de transplante de córnea no Brasil, que atualmente é de 374 dias.

Este tempo de espera é mais que o dobro do registrado há 10 anos, quando a média de espera era de 174 dias. O cálculo compara informações do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) no período entre 2015 e 2024.

Conforme o CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), a tendência de crescimento da fila em nível nacional deve se manter durante o decorrer ano, já que o indicador mensal está em 369 dias.

Os dados foram apresentados durante o 69º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, em Curitiba (PR).

Para o CBO, o cenário tem origem em múltiplos fatores, incluindo a falta de reajuste nos valores pagos pelos procedimentos e o impacto da pandemia de Covid-19, que causou o represamento de pacientes, sobretudo entre 2020 e 2023.

Questionada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde informou que as cirurgias de transplante de córnea ocorrem no Estado e que a pasta conta com diversas equipes e estabelecimentos de saúde devidamente autorizados pelo Sistema Nacional de Transplantes para a execução desses procedimentos.

Conforme informado em reportagens do Campo Grande News, o transplante de córnea é feito no Estado nos hospitais da Santa Casa e Hospital São Julião, em Campo Grande. Clínicas credenciadas fazem o procedimento no interior do Estado.

Situação nos estados –  O levantamento do CBO também indica que, entre os estados, o tempo de espera para transplantes de córnea é diversificado. Em 2024, Acre, Alagoas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, por exemplo, registraram fila que ultrapassou 1.000 dias, chegando a 1.424 no estado fluminense.

Outros estados mostraram melhor desempenho e foram classificados pela entidade como “bons exemplos”, incluindo Ceará (58 dias), Santa Catarina (164 dias), Mato Grosso (227 dias), Amazonas (243 dias), São Paulo (247 dias) e Paraná (256 dias).

Até julho de 2024, a pesquisa do Conselho também informa que o Brasil contabilizava 31.240 pessoas inscritas na fila por um transplante de córnea.

São Paulo concentrava o maior número, 6.617 pacientes (21% do total nacional), seguido por Rio de Janeiro (5.141) e Minas Gerais (4.346). Entre os estados com menor demanda estão Mato Grosso (55) e Ceará (58).

As mulheres são maioria na fila (55,7% dos pacientes). Já pessoas com 65 anos ou mais representam quase a metade dos que aguardam pelo transplante (47%), o que, segundo o CBO, reflete o envelhecimento da população e o aumento das doenças degenerativas da córnea.

Saiba – Córnea é a camada transparente em forma de cúpula na parte frontal do olho que protege o globo ocular e foca a luz na retina, sendo essencial para a visão nítida.

Ela atua como uma barreira contra agentes externos, filtra a luz UV (ultravioleta) e é responsável pela maior parte do poder de foco da visão.



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