‘20% das pessoas atendidas por cirurgiões plásticos e dermatologistas têm o problema’, diz psiquiatra

por Assessoria de Imprensa


Cerca de 20% dos pacientes atendidos em consultórios de cirurgiões plásticos e dermatológicos sofrem de Transtorno de Dismorfia Corporal, e muitos não sabem. O dado, que provêm de uma revisão sistemática que estimou a prevalência de algumas condições em diferentes ambientes clínicos e cirúrgicos, foi apresentado no 19º Congresso Brasileiro de Nutrologia (CBN).

A condição, também chamada de dismorfismo de imagem, é um distúrbio psicológico em que a pessoa tem uma preocupação excessiva, distorcida e percepção alterada com a própria aparência, desejando mudanças para melhorar aquele efeito. Ela afeta cerca de 2% da população e, em sua maioria, mulheres jovens.

— A pessoa fica o tempo todo atrás de procedimentos e frequenta consultórios de quem pode fazer isso se submetendo a inúmeros procedimentos até ficarem felizes, o problema é que eles nunca ficam. Por isso precisam de um acompanhamento especializado, medicamentoso e entender por que depositou em uma parte do corpo uma sensação tão negativa e uma necessidade de corrigir isso — afirma a psiquiatra e coordenadora do programa de estudos em sexualidade da USP, Carmita Abdo.

A médica apresentou esses dados durante o painel que fez no CBN falando sobre transtornos alimentares. Ainda segundo Abdo, muitos cirurgiões e dermatologistas demoram para descobrir a condição nos pacientes e só descobrem depois de anos, inúmeros procedimentos ou quando analisam mais de perto cada detalhe, o que pode ajudar na piora do quadro clínico.

Além disso, segundo a psiquiatra, de 30% a 60% dos pacientes com dismorfia corporal, também tem concomitante a bulimia e a hipersexualidade. Abdo afirma que este é uma associação comum, mas que não significa que todos são assim. Segundo ela, isso ocorre em razão do circuito cerebral de recompensa que, nesses pacientes, estão hiperestimulados.

Eles precisam de uma recompensa que vem pela comida ou pelo sexo, pois costumam ter um perfil mais vulnerável — em muitos casos, já passaram ou sofreram algum tipo de abuso, físico ou emocional, e até mesmo algum tipo de privação — com mais necessidade de melhorar a aparência. Sem medir esforços ou se privar desse estímulo.

— A pessoa começa com dismorfismo, aquela insatisfação com uma parte do corpo, mas que pode se tornar algo maior. O bulímico não está satisfeito com o corpo dele, mas também não quer engordar e nem perder aquele estímulo que a comida lhe fornece. Então ele come e depois arruma formas de eliminar, seja pelo vômito, tomando diuréticos, laxantes e do ponto de vista sexual, ele também exagera — explica a psiquiatra.

Estudos mostram que um terço dos pacientes recorre a mais de uma cirurgia plástica para “corrigir” sucessivas vezes um mesmo problema. E muitos famosos já afirmaram ter este problema.

A jornalista Daiana Garbin, esposa do apresentador Tiago Leifert, se descrevia da seguinte forma: “Peso 100 quilos. Tenho braços grossos. Meus ombros e meus quadris são largos demais. Sou muito alta.” Ela foi diagnosticada com a condição e foi uma das principais responsáveis pela divulgação do problema ao criar um canal no YouTube, o Eu Vejo.

Outro famoso que falou sobre a condição foi o influenciador e ex-BBB, Eliezer. Ele contou que desfez a harmonização facial após achar que uma foto sua havia sido manipulada. Quem o alertou sobre o problema foi sua esposa, a também influenciadora Viih Tube.

— Eu acho que o que aconteceu comigo foi uma grande distorção de imagem. Para quem não sabe o que é isso, é quando a gente cisma com alguma característica da nossa aparência e a gente acha ou julga inapropriada para a nossa imagem. A gente não consegue ver nada além daquilo — contou o ex-BBB.

Em meados de 2023, a modelo e influenciadora Mariana Goldfarb usou as redes sociais para falar sobre sua luta contra o distúrbio alimentar e a distorção da imagem.

— A minha luta com a distorção da imagem é diária (…) É como se a gente não suportasse ficar somente com a nossa companhia. É como se a gente não conseguisse vestir a nossa própria pele. E isso é uma dor, isso dói. A gente precisa preencher esse buraco de alguma forma”, ela diz.

Em outra ocasião, durante participação em live da revista Vogue, Goldfarb disse “já me deformei inteira no sentido de fazer procedimentos estéticos no rosto. Também era chamada de Bob Esponja por ter corpo retangular, fui chamada de mil coisas por causa do meu cabelo, da minha sobrancelha, e isso fez com que eu tivesse um transtorno de imagem horroroso”.



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