Seresteiras do HU transforma corredores em palco e leva afeto, acolhimento e emoção a pacientes
Pelos corredores onde costumam ecoar passos apressados, vozes técnicas e o som constante dos equipamentos hospitalares, há dez anos também se ouve música. E não é qualquer música: é aquela que chega mansa, atravessa portas, toca quem escuta e fica. Assim é o projeto Seresteiras do HU, formado por funcionários do Hospital Universitário da UFGD, que em 2025 completou uma década transformando rotina em afeto.
O projeto Seresteiras do HU, iniciativa musical do Hospital Universitário da UFGD, completa dez anos transformando a rotina hospitalar. O grupo, formado por funcionários da instituição, realiza apresentações musicais nos corredores do hospital, levando conforto a pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde. Iniciado em dezembro de 2015 com apresentações natalinas, o projeto evoluiu e adaptou-se ao longo dos anos, incluindo apresentações virtuais durante a pandemia. Atualmente composto apenas por mulheres, o grupo se consolidou como projeto institucional em 2023, mantendo um repertório multilíngue que inclui mensagens de paz e esperança.
A comemoração veio em tom especial, com a “Seresta Natalina – Especial 10 anos”, apresentada em dezembro. Para marcar a data, o grupo reuniu passado e presente: antigos seresteiros voltaram a dividir o corredor-palco com as atuais integrantes. Edu Azevedo levou o pandeiro, Anderson Molgora fez o violino cantar, ele é servidor do hospital, e Wilian Lira assumiu o violão. Juntos, encontraram as vozes de Denise Melo, Laura Cyrineu, Letícia Pinheiro, Luciana Comunian, Márcia Strassburger e Neiva Barreto, todas funcionárias do HU, vindas de setores diferentes, unidas pelo mesmo propósito.
O repertório passeou por idiomas e emoções. Teve Venite Adoremus, Bom Natal, o guarani de Mamo Oimẽ nde rory, o espanhol de Solo le pido a Dios, além de Happy Day e O que é, o que é. Canções escolhidas para levar alento, alegria e aquele instante raro em que o hospital para — nem que seja por alguns minutos — para respirar junto. A experiência fica ainda mais sensível com figurinos e maquiagens artísticas, assinados por Márcia Strassburger, que transformam cada apresentação num abraço visual antes mesmo da primeira nota.
À frente do projeto desde o início, a psicopedagoga Laura Cyrineu Munhoz e Silva define a iniciativa como viva e aberta. “A proposta é dinâmica, sempre pronta para novas ideias. Para participar, basta gostar de cantar ou tocar algum instrumento”, explica. O grupo se reúne uma vez por semana para escolher repertório, aquecer as vozes e ensaiar — encontros que também funcionam como pausa na rotina intensa do hospital.
Mais do que apresentações, as Seresteiras cuidam de quem cuida. Segundo Laura, o projeto tem impacto direto na qualidade de vida dos trabalhadores. “Ensaios e serestas criam uma ruptura na rotina institucional. São momentos de convivência, criatividade e bem-estar”, diz. O grupo segue aberto a novos integrantes que atuem no HU-UFGD.
A história começou em dezembro de 2015, quando um pequeno coletivo de funcionários decidiu criar uma homenagem de Natal para colegas, pacientes e acompanhantes. A ideia era simples: percorrer os setores cantando canções natalinas. Deu tão certo que virou tradição. Na época, ainda como Seresteiros do HU, o grupo passou a repetir a experiência todos os anos, em todos os turnos, alcançando áreas assistenciais, administrativas e também trabalhadores terceirizados.
A diversidade do público sempre guiou as escolhas musicais. Por isso, o repertório ganhou versões em português, guarani, espanhol e inglês, sempre com mensagens de paz, esperança e alegria. Durante a pandemia, quando os corredores ficaram mais silenciosos, a música encontrou outros caminhos.
As serestas passaram a ser virtuais, com gravações remotas e participações especiais, como a Orquestra UFGD e o músico Renato Teixeira. Houve ainda apresentações personalizadas para pacientes internados com covid-19, um gesto de cuidado que atravessava telas e chegava às famílias.
Com o retorno das atividades presenciais, em 2022, o grupo ganhou nova forma. De maneira espontânea, passou a ser composto apenas por mulheres e adotou o nome Seresteiras do HU. Em 2023, a iniciativa se consolidou como projeto institucional, por meio de resolução oficial.
Dez anos depois, o que fica são cenas difíceis de medir em números: pacientes sorrindo, crianças batendo palmas, pais emocionados, funcionários dançando nos corredores, visitantes pedindo para acompanhar a música até o leito de alguém querido. “São muitas lembranças afetivas”, resume Laura. “A música desperta emoções e nos faz, como trabalhadores do hospital, redescobrir o cuidado humanizado.”
Em meio à rotina hospitalar, as Seresteiras seguem fazendo o que a medicina também reconhece como essencial: lembrar que acolher é, muitas vezes, simplesmente saber ouvir e cantar.
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